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RECOMENDAÇÕES PARA DIRETRIZES INTERNACIONAIS NO DESENVOLVIMENTO E EXPLORAÇÃO DE GRUTAS TURÍSTICAS

Desenvolvido por:

Associação Internacional de Grutas Turísticas (ISCA)

União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN)

União Internacional de Espeleologia (UIS)

Introdução

As grutas são conhecidas por terem providenciado abrigo aos primeiros antepassados humanos. Esta prática é tão ancestral que não é possível precisar quando esta prática começou. A tarefa de estabelecer o uso de uma gruta para o termo moderno de “Espeleo turismo” é mais fácil, ainda assim não é possível precisar com toda a certeza quando começou.

A posição de primeira gruta a ser conhecida como uma gruta turística na Europa é reclamado pela Gruta Vilenica, no oeste da Eslovénia, que supostamente começou esta longa tradição do uso da gruta com vertente turística em 1633. Em outros sítios do mundo, outras grutas reclamam a utilização de grutas com fim turístico ainda mais cedo.

Durante séculos o uso de grutas como grutas turísticas foi levado de forma bastante rudimentar. A mudança mais significativa veio com a introdução de energia elétrica mas, ainda seguindo a introdução desta maravilha moderna, a prática de desenvolver uma gruta turística não mudou assim tanto.

Tudo isto mudou nas décadas mais recentes quando o desenvolvimento de novos materiais criou muitas novas opções. Algumas destas opções provaram ser bastante benéficas para as grutas turísticas, enquanto alguns destes novos materiais provaram ao longo do tempo ser nada mais que desastrosos.

O conceito de estabelecer normas de parametrização, que poderiam ser utilizadas de forma generalizada em grutas turísticas, originou em discussões informais entre membros da Associação Internacional de Grutas Turísticas (ISCA) em Genga, na Itália pela altura do encontro inaugural da associação em Novembro de 1990.

Estas discussões foram continuadas até ser feito um primeiro rascunho para consideração no encontro da ISCA em 17 de Setembro de 2004 em Frasassi, Itália no decorrer do trigésimo aniversário desta gruta ao público. A ideia de criar uma estandarização recebeu grande apoio da União Internacional de Espeleologia (UIS) Departamento e Proteção e Gestão no seu 14º Congresso Internacional que decorreu em Kalamos, Grécia em 2005.

Estas Recomendações para Diretrizes Internacionais são o resultado de uma vasta cooperação entre a Associação Internacional de Grutas Turísticas (ISCA), a União Internacional de Espeleologia (UIS) e a União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN). A intenção foi de criar Sugestões de Recomendações Internacionais que possam ser aceites e reconhecidas por todos os gestores e operadores de grutas turísticas, tendo em conta tanto a proteção do meio ambiente e envolvente sócio-económica. Muitas recomendações  e sugestões foram recebidas ao longo de cerca de 25 anos, e por isso este documento pode ser considerado como o resultado de uma cooperação activa entre especialistas envolvidos na matéria.

Indíce

  1. Objetivos

O objetivo destas recomendações é de providenciar um apoio nas melhores práticas para o desenvolvimento e exploração de grutas turísticas, independentemente do local no Mundo onde se situem. Não é no entanto seu objetivo criar regras rígidas, ou que sejam aplicadas como leis. São apenas conselhos para uma aproximação profissional ao seu desenvolvimento e exploração.

É reconhecido que muitas das grutas turísticas existentes não serão capazes de cumprir inicialmente com estas Recomendação. As Recomendações para Diretrizes Internacionais na Exploração e Desenvolvimento de Grutas Turísticas devem providenciar standards que podem ser melhorados ao longo do tempo. É um facto que regras generalizadas não podem ser igualmente aplicadas a todas as situações. Podem existir parâmetros únicos em algumas grutas em que, algumas destas recomendações não poderiam ser aplicadas sem enormes dificuldades.

É suposto estas Recomendações para Diretrizes Internacionais serem mantidas num formato que possa sofrer atualizações tendo em conta novas informações e novas descobertas. Por esta razão, as Recomendações não foram incorporadas na Constituição da Associação Internacional de Grutas Turísticas.

  1. CONTINGENTES E CONDIÇÕES LIMITADORAS

Como indicado na secção precedente estas Recomendações para Diretrizes Internacionais são providenciadas algo a que todas as grutas devem aspirar. É altamente improvável que todas as grutas presentemente em funcionamento sejam capazes de ir ao encontro de todas as provisões contidas nestas Recomendações. São providenciadas como metas a que todas as grutas turísticas possam trabalhar mediante as suas circunstâncias e capacidade económica.

Sob nenhum pretexto devem estas Recomendações ser interpretadas como standards que devem cumpridos como requerimento legal em qualquer jurisdição, ou que uma gruta turística seja obrigada a cumprir estas recomendações.

Existem vários tipos de grutas pelo Mundo fora. Estes tipos diferentes de grutas incluem grutas calcárias, grutas de gesso, grutas de gelo, grutas de lava e grutas marinhas apenas para referir algumas. Muitas destas grutas têm requerimentos diferentes, e por vezes únicos, comparados com outros tipos de grutas. Estas Recomendações para Diretrizes Internacionais foram criadas para dar sugestões e diretrizes em matérias científicas e práticas de forma a assistirem aos gestores e proprietários de grutas turísticas por todo o Mundo.

  1. DESENVOLVIMENTO DE UMA GRUTA EM GRUTA TURÍSTICA

O desenvolvimento de uma gruta selvagem em gruta turística por ser um sucesso financeiro positivo, não apenas para a própria gruta, como uma área circundante bastante alargada. A busca desses benefícios financeiros antecipados pode por vezes causar pressões indevidas para acelerar o desenvolvimento da gruta. Pode também providenciar proteção ao ambiente da gruta se houver problemas como ameaças de vandalismo.

Antes de uma gruta selvagem poder ser desenvolvida como gruta turística devem-se desenvolver estudos detalhados para avaliar todos os aspetos da conversão. Estes estudos devem focar-se não só nos aspetos comercias da proposta, e seu impacto na área circundante superficial, mas também na própria gruta. Ambos os aspetos superficiais e profundos podem ser absolutamente críticos para o sucesso a longo prazo do empreendimento.

Um estudo cuidadoso da aptidão da gruta para o seu desenvolvimento como gruta turística deve ser efetuado, e cuidadosamente avaliado, antes de se dar inicio ao desenvolvimento do trabalho físico. Este estudo, ou estudos, devem ter em consideração todos os fatores que podem influenciar o desenvolvimento da gruta, incluindo, mas não limitando, o acesso, impacto na fauna, fluxo de ar e a sinergia na gruta.

A conversão de uma gruta em gruta turística deve ter lugar apenas se os resultados dos estudos forem positivos. De forma semelhante, o desenvolvimento não deve ser efetuado se o plano económico for negativos. Uma gruta selvagem que é adaptada a gruta turística, e é subsequentemente abandonada, vai inevitavelmente ficar desprotegida, e pode ser objeto de uso indevido em pouco tempo se as medidas protetoras não forem tomadas em devido tempo.

Em adição pode ser aceitável abrir grutas para visita ao público, quando o plano económico não for positivo, mas o sucesso económico for garantido pelo estado, ou até por uma associação local de voluntários.

Uma gruta turística bem gerida providencia normalmente proteção às grutas bem como uma fonte de rendimento e educação para a economia local.

 


 

  1. SEGURANÇA DOS VISITANTES

A segurança dos visitantes é um dos objetivos fundamentais de todas as grutas turísticas. Esta segurança inclui atividades desenvolvidas tanto acima como abaixo da superfície e em todos os locais da propriedade. O tráfego que entra e sai da propriedade, deve ser feito através de estradas estacionamentos com solo apropriável. A boa organização é essencial.

Abaixo do solo nem sempre é possível cumprir com os códigos standards de construção. Ao planear os trilhos na gruta, a segurança dos visitantes deve ser a principal preocupação. Espaço vertical é importante abaixo do solo, e onde não é possível, devem ser dados avisos para que não ocorram acidentes. Corrimões devem ser colocados onde necessário.

Planear a segurança dos visitantes também inclui facilitar da melhor forma possível os acessos aos serviços de emergência, incluindo deixar um acesso o mais próximo possível à entrada e/ ou saída da gruta. Ligações devem ser estabelecidas com os serviços de emergência locais para que todos saibam das dificuldades e constrangimentos que irão encontrar nos resgates em grutas, o que normalmente envolve um grande esforço físico e pode ter impactos severos no ambiente da gruta a menos que haja uma devida planificação.

O pessoal de serviço em grutas turísticas deverá ter conhecimentos de resgate e primeiros socorros.

  1. TRABALHOS ACIMA DO SOLO

A fim de relacionar a topografia do local com o vazio da gruta, é necessário ter plantas que sobreponham os detalhes dos edifícios de apoio e dos espaços subterrâneos da gruta. Esta informação é tão crítica numa gruta turística existente como numa que ainda esteja a ser planeada.

Uma vez que a relação entre os detalhes dos edifícios de apoio e os detalhes da gruta seja conhecida, então os fatores relacionados com água podem ser avaliados. Em muitos casos este fator pode apenas comprometer a percolação de águas superficiais através da rocha por cima da gruta. Isto deve ser cuidadosamente avaliado para assegurar que a permeabilidade natural da água através da rocha por cima da gruta não seja perturbada. Além disso o risco das águas superficiais chegarem à gruta como enchente deve ser cuidadosamente examinado.

É importantes que os edifícios de apoio e as áreas de estacionamento não fiquem diretamente acima do espaço da gruta, onde a permeabilidade natural da água da chuva para a gruta ocorra. Se a percolação natural fosse interrompida, seria necessário procurar soluções alternativas. Estas soluções podem passar por algo simples, como mudar o solo da área de estacionamento de materiais impermeáveis para matérias que permitam a permeabilização das águas da chuva. Onde existem edifícios acima das áreas da gruta, a solução ideal seria a sua deslocação para outras áreas, ou caso as finanças não o permitam, que a localização do edifício seja mudada no seu fim de vida. Não deve ser permitida a concentração de águas de escoamento de telhados e outras superfícies duras, devendo estas ser amplamente dispersas.

É também crítico assegurar que qualquer efluente gerado no local seja descartado adequadamente de forma a não contaminar o mundo subterrâneo.

Há uma tendência natural para tentar colocar edifícios, necessários para a operação de uma gruta turística, o mais perto possível da entrada da gruta. De particular importância, a entrada ou saída da gruta não devem estar localizadas em edifícios habitacionais devido ao potencial perigo de gases radioativos e radão. Deve haver sempre uma área ventilada entre a entrara e/ ou saída da gruta e um edifício habitável.

  1. ACESSO A UMA GRUTA TURÍSTICA

No caso de muitas grutas turísticas, é necessário providenciar um acesso diferente aos visitantes do acesso natural que foi usado antes da sua conversão para uso turístico. Este acesso artificial pode ser através de um túnel, ou uma nova entrada escavada até à gruta. Quando uma entrada artificial é criada pode alterar a circulação de ar na gruta e um distúrbio no seu ecossistema.

Para evitar qualquer distúrbio da circulação de ar na gruta, deve ser instalada uma câmara-de-ar em qualquer entrada artificial da gruta. A decisão de não a instalar deve ser tomada apenas após estudos cuidadosos terem sido efetuados. O método ideal para a criação de um sistema eficiente de câmara-de-ar, é através do uso de dois conjuntos de portas.

  1. ACESSOS NA GRUTA

Uma componente essencial de uma gruta turística é uma superfície de caminhada segura e de boa qualidade para os visitantes. Os caminhos numa gruta não necessitam ser demasiado largos. Por exemplo, não é necessário, mas é preferível que duas pessoas possam caminhar neles lado a lado. Um caminho de final indiana é adequado, no entanto é aconselhável criar algumas zonas mais largas onde o grupo se pode juntar para ouvir os guias.

Os caminhos numa gruta turística podem ser utilizados para a colocação de tubagens técnicas, condutas e cablagens, quer seja sob eles ou nas suas laterais. É preferível que estas tubagens não estejam seladas em cimento. Os controlos de iluminação devem ser facilmente acessíveis dos caminhos.

O caminho deve consistir em três componentes fundamentais, uma superfície de caminhada, lancil e corrimão. É desejável que o material usado na instalação dos caminhos deva ter o mínimo impacto possível tanto na estética da gruta, como no ambiente subterrâneo.

Superfícies de caminhada

Tradicionalmente, e particularmente em grutas calcárias, o material preferencial para superfícies de caminhada tem sido o cimento, que é normalmente a substância mais semelhante à rocha em que a gruta é formada. Uma vez que o cimento é aplicado, é extremamente caro e difícil de modificar ou decompor.

Em anos recentes a popularidade do uso de aço inoxidável tem crescido como material de construção de caminhos. Este tem a clara desvantagem de ser caro e requerer técnicas especiais para montar e instalar. A vantagem é que dura muito tempo e requer virtualmente nenhuma manutenção, tem um impacto reduzido no chão da gruta e é relativamente fácil de retirar. Contudo grelhas de todo o tipo permite que lama, sujidade e pequenos objetos caiam para o chão de gruta e a menos que o seu design tenha estes aspetos em consideração, pode ser muito difícil a sua remoção.

Plásticos de nova geração têm também grande potencial na construção de caminhos. Estes materiais são revistos sob a secção Materiais de Nova Geração.

Lancil

O uso de lancis ficou popularizado com o uso de caminhos em cimento. O lancil ao longo de caminhos em cimento tem várias finalidades distintas. Uma é conter os pés dos visitantes, o que protege a gruta para além destes. Outro é que a lateral do lancil virada para fora do caminho providencia um local conveniente para a colocação das condutas, tubagens e cablagem. Os lancis ajudam também a conter o cotão e outros resíduos deixados pelos visitantes.

O lancil ao longo do caminho pode facilmente ser formado por fileiras de tijolo rebocadas. Onde os caminhos são feitos com uso de aço inoxidável, plástico ou fibra de vidro, podem ser incluídos frisos para impedir que os pés saiam dos caminhos.

Corrimãos

O material preferido para a construção de corrimãos nas grutas turísticas, em anos recentes, tem sido o aço inoxidável. Este material tem a vantagem de precisar de pouca ou nenhuma manutenção, é possível de ser montado e soldado na gruta e o potencial de ser usado como tubagem de água para levar água fresca para dentro da gruta. As desvantagens deste material são os custos e o brilho que não é esteticamente agradável. O uso de cabos de aço inoxidável em vez de pilares ou tubos sólidos abaixo do corrimão principal pode reduzir o impacto visual do aço significativamente. Curvas em vez de ângulos retos também ajudam.

Recentemente, grandes avanços têm sido feitos com corrimãos contínuos em fibra de vidro (poliéster isoftálico). Estes materiais são revistos sob a secção Materiais de Nova Geração.

  1. CAPACIDADE DE CARGA

A capacidade de carga é o número de visitantes que a gruta pode receber num determinado período de tempo, que não irá alterar permanentemente os parâmetros ambientais além da sua faixa de flutuação natural. O calor libertado pelas pessoas e a iluminação podem ser fatores importantes na causa de distúrbios do equilíbrio energético da gruta. É responsabilidade do gestor da gruta estabelecer a capacidade máxima de carga da gruta, onde os parâmetros naturais da gruta possam ser afetados.

  1. ILUMINAÇÃO

O uso de iluminação LED, que é energizada por fontes de poder de baixa voltagem, tem muitas vantagens sobre as lâmpadas incandescentes, que emitem luz por aquecimento. É importante que o sistema de iluminação dentro da gruta liberte o mínimo calor possível.

A rede elétrica da gruta deve, preferencialmente, onde a balança o permita, ser dividida em zonas que permitam que apenas a parte ou partes da gruta onde estejam visitantes esteja acesa. Isto é importante do ponto de vista da redução de calor no ambiente da gruta e para prevenir o crescimento de flora, bem como reduzir a quantidade de energia necessária e o seu custo financeiro.

O sistema elétrico deve ser instalado em circuitos seguros e bem equilibrados.

É importante que uma parte da energia de emergência esteja sempre disponível para o caso de um problema com o fornecimento normal de energia. A luz de emergência deve estar sempre disponível, quer seja através de uma fonte ininterrupta completa, ou através de uma fonte de alimentação independente. Códigos locais podem ser aplicáveis que permitam lâmpadas de baterias ou aparelhos semelhantes.

A flora cavernícola é uma consequência comum resultante da introdução de fontes de luz artificial numa gruta. Muitas espécies de algas bem como plantas superiores, podem-se desenvolver como resultado da introdução de luz artificial. Um bom método para evitar o crescimento de vida vegetal nas zonas escuras da gruta é o uso de luzes que não libertem um espectro de luz que seja absorvido por clorofila.

Outra forma de prevenir o crescimento da flora cavernícola é a redução o nível de energia que chega às superfícies onde as plantas possam crescer. A distância segura entre a luz e a superfície da gruta depende da intensidade da lâmpada. Como indicador rudimentar, a distância de um metro pode ser segura. A luz deve ser cuidadosamente direcionada na secção desejada e não deixar que se espalhe pelas zonas periféricas. É preferível que as formações iluminadas sejam sólidas e cristalinas, ou superfícies rochosas pois superfícies suaves, como o moonmilk e o solo são virtualmente impossíveis de limpar. Um cuidado especial deve ser tido em conta para evitar que o calor chegue a qualquer tipo de arte rupestre ou vestígio humano que possa existir.

  1. FLORA CAVERNÍCOLA

A flora cavernícola é o infame flagelo das grutas turísticas. É um problema persistente. O uso de agentes de limpeza fortes como lixivias e cloro apelam ao desejo de fazer desaparecer o contágio de organismos como as algas. Infelizmente, o uso de químicos, como o cloro não resulta bem a longo prazo porque os organismos crescem depressa em condições propícias. A única forma correta para corrigir o problema de algas é controlando o desenvolvimento da flora cavernícola, em vez do tratamento periódico com químicos, que apenas matam o crescimento por curtos períodos de tempo.

Há diferentes tipos de ação que podem ser tomadas para controlar o desenvolvimento de flora cavernícola em grutas turísticas. A primeira destas ações deveria ser a separação de circuitos de forma a que as secções da gruta sem visitantes permanecem à escura. A segunda destas ações é fazer com que haja uma distância de pelo menos um metro entre a lâmpada e as paredes da gruta ou formações. A terceira é que a seleção do comprimento de onda tenha mínimos entre 430-490 nanometros e 640-690 nanometros e emita uma atividade de onda que não permita fotossíntese.

Quando há proliferação de flora cavernícola, é necessário destruí-la com compostos químicos, contudo, os herbicidas nunca devem ser utilizados dentro de uma gruta por serem tóxicos para o ambiente da gruta. Os herbicidas, usados frequentemente na agricultura, devem ser evitados porque a sua degradação é lenta e a sua toxicidade pode seriamente afetar a fauna da gruta.

Os dois químicos que geralmente são favorecidos, na sua forma diluída, são o hipoclorito de sódio (cloro) e peróxido de hidrogénio.

O cloro, que é uma lixivia corrente, idêntica às de uso caseiro, deve ser sempre utilizada em forma diluída numa percentagem de 10%.

O peróxido de hidrogénio é geralmente considerada mais amiga do ambiente, mas relatórios da sua eficácia são mistos e o pessoal envolvido no tratamento deve ter grandes cuidados. O limiar da destruição da flora cavernícola foi de 15% em volume.

  1. RADÃO

É recomendado que os proprietários e gestores das grutas turísticas pesquisem os standards aplicáveis ao seu país e ter a sua gruta monitorizada por um especialista competente se necessário.

Se o limite de concentração de radão foi excedido, os guias da gruta seriam considerados como trabalhadores profissionalmente expostos com grande responsabilidade para os proprietários e gestores das grutas.

Nestes casos é preferível limitar o tempo de trabalho dentro da gruta de forma a respeitar a sua dosagem limite.

  1. MORCEGOS

Algumas grutas são habitadas por colónias de morcegos. Onde existam morcegos em gruta turísticas deve ser tido um cuidado especial para assegurar que não sejam perturbados pelos visitantes, e especialmente se os morcegos estiverem em hibernação ou procriação. Numa gruta turística com uma extensa rede de galerias, é necessário que as secções da gruta onde os morcegos estejam em hibernação ou procriação não sejam visitáveis durante esses períodos.

Se forem instalados portões nas entradas e passagens usadas por morcegos, é recomendável que a secção superior tenha barras horizontais com um espaço livre de 15 cm de altura e 45 a 75 cm de largura. Este espaço livre vai permitir que os morcegos tenham passagem livre.

  1. MATERIAIS DE NOVA GERAÇÃO

Nos últimos anos um vasto leque de materiais tem evoluído e sido desenvolvido. Alguns destes parecem ter um bom ou excelente potencial para o uso em grutas. Enquanto alguns materiais de nova geração provaram ter excelente uso em grutas, outros provaram ter consequências desastrosas.

Compostos de madeira, por exemplo, provaram não estar à altura de todas as promessas que faziam. Compondo os problemas encontrados com ela é a diversidade dos materiais usados nos compostos de madeira. Materiais compostos que contenham fibras de madeira devem ser evitados pois podem levar ao crescimento de bactérias, algas e bolor. As folhas de composição de cada material devem ser cuidadosamente verificados para assegurar que não contêm produtos madeireiros ou papel.

Se se planificar o uso de materiais compostos numa gruta, este só deve ser instalado após testes extensivos na gruta em que se pretende fazer a instalação para verificar a sua viabilidade.

O aço inoxidável provou ser um excelente material para usar dentro de uma gruta. Contudo, este produto vem numa variedade de graus e qualidades. Muito do custo de usar aço inoxidável é moldar este material para o propósito a que se destina. Consequentemente, é recomendável que seja um aço de melhor qualidade a ser utilizado dentro de uma gruta.

Têm sido dadas grandes passadas nos anos recentes em iluminação de grutas. Light-emitting diodes (LED) e lâmpadas de cátodo frio (CCL) provaram ser as melhores formas de iluminação em grutas. Ambas têm uma performance muito superior quando comparadas com lâmpadas incandescentes. Vantagens adicionais são o baixo consumo e o tempo de vida das lâmpadas.

Uma forma muito bem-sucedida de providenciar luz de emergência, a baixo custo, é providenciada por uma corda de polímero de plástico flexível com luzes dentro. Esta corda pode facilmente ser cortada nos tamanhos desejados.

Ao longo deste século novos plásticos foram desenvolvidos com a promessa de serem bastante benéficos em grutas. Uma grande vantagem destes novos plásticos é que são leves, têm características mecânicas semelhantes ao aço, e são fáceis de trabalhar com ferramentas simples. As placas de plástico são anexadas por parafusos de aço inoxidável, o que facilita os melhoramentos de design no futuro. As passagens podem ser construídas através de pultrusão, que é um plástico criado pelo desenho de fibras de vidro revestidas com resina de corante aquecido. Estes são muitas vezes revestidos com grãos que providenciam melhor tração mas podem desgastar-se rapidamente se houver um grande número de visitantes. Corrimãos podem também ser criados com fibra-de-vidro.

  1. MATERIAIS QUE NORMALMENTE NÃO PERTENCEM A UMA GRUTA TURÍSTICA

Considerando os materiais que não pertencem estar numa gruta turística, é necessário admitir que muitos dos materiais listados nesta secção, foram em certa altura do passado, considerados apropriados para o uso numa gruta turística. Em consequência, é possivelmente difícil encontrar uma gruta turística que não contenha um ou mais materiais que sejam considerados indesejáveis. As grutas que estejam em processo de ser desenvolvidas como grutas turísticas devem evitar o uso de todos os materiais nesta secção.

Metais Galvanizados

Em décadas passadas o uso de tubos de aço galvanizado era a escolha para corrimãos, escadas e plataformas em grutas turísticas.

O zinco em material galvanizado é facilmente oxidado, e passa para o ambiente da gruta. A “fuga” da cobertura de materiais galvanizados pode ter impactos adversos particularmente na fauna cavernícola de invertebrados e depósitos de calcite. Onde o aço galvanizado está em uso numa gruta turística, deve ser desenvolvido um programa para o substituir por outro material.

Metais Dissimilares

O uso de metais dissimilares, em contacto uns com os outros num ambiente húmido, vai sempre induzir corrosão. Esta corrosão vai também ocorrer quando diferentes ligas do mesmo metal, como diferentes qualidades de alumínio sejam postos em contacto.

A primeira e melhor solução é não usar metais dissimilares em contacto uns com os outros. A segunda melhor solução é isolar os materiais uns dos outros, usando aparelhos como neopreno ou toalhas de nylon, mas isto pode apenas atrasar o inevitável se uma película de água ultrapassar a barreira.

É também recomendável que não sejam utilizados ânodos de sacrifício, uma vez que estes ânodos podem produzir algum tipo de composto químico, que pode ter efeitos adversos nas grutas.

Mais Não Ferruginosos

Muitos metais não ferruginosos foram utilizados em grutas no passado. Talvez, o mais comum seja o cobre e ligas semelhantes, que foram responsáveis por muitas manchas verdes nas grutas.

Ferro e Aço

Ferro e aço sem tratamento são suscetíveis de enferrujar. Até aquelas formas de aço macio que contenham uma pequena percentagem de carbono são suscetíveis de oxidar (enferrujar). Consequentemente, aço em bruto e ferro não devem ser usados em grutas turísticas pois é natural que ocorram manchas de ferrugem.

Madeira

A madeira, foi durante séculos usado como o material favorito da humanidade para construção e manufatura de itens, como mobília. É natural que no princípio do desenvolvimento de grutas, a madeira fosse usada para preparar grutas turísticas. Infelizmente, a madeira tem uma esperança média de vida relativamente curta, comparada com a esperança média de vida de uma gruta antes de começar a decair. Isto inclui o creosoto e madeiras tratadas com pressão.

Geralmente o ambiente de uma gruta é isolado do exterior e a introdução de energia exterior vai alterar o balanço do equilíbrio da gruta. As exceções ocorrem onde um rio ou ribeiro passa pela gruta ou onde por alguma razão haja um conteúdo altamente orgânico.

Quando a madeira quebra ou decompõe no ambiente de uma gruta, a madeira em decomposição pode passar a ser parte da base de comida de uma gruta. A madeira em decomposição pode suportar o crescimento de fungos ou bactérias e até previne o risco de invasão de espécimes exóticos que podem substituir as espécies nativas da gruta.

Se qualquer forma de madeira for utilizado para cofragem, andaimes ou semelhantes usos temporários, não deve ser trabalho na gruta, se de todo possível. Deve ser removido após a conclusão dos trabalhos e deve-se ter cuidado com a remoção dos restos e lascas resultantes do trabalho em si, ou do desmantelamento das estruturas.

Se a madeira em decomposição tiver que ser retirada da gruta, deve ter-se cuidado para que não se desintegre durante o transporte, e assim providenciar uma fonte de nutriente não natural. Até os traços mais pequenos de madeira apodrecida podem causar explosões populacionais entre espécies cavernícolas.

Onde a madeira existe em grutas turísticas, um plano deve ser desenvolvido para substituí-la por outros materiais, conforme as finanças o permitam e onde a introdução de madeira possa causar alterações significativas no ambiente da gruta. O período temporal compreendido por esse plano deve ser limitado pela esperança média de vida da madeira utilizada. Quando uma gruta é desenvolvida como gruta turística outros materiais que não madeiras devem ser selecionados.

Em grutas de gelo, as características ambientais são compatíveis com a madeira, que é frequentemente utilizada na construção de passadeiras e corrimãos, uma vez que não escorrega e pode ser facilmente trabalhada em condições de congelamento.

Betume (Alfalto)

O betume (Asfalto) é uma mistura preta viscosa de hidratos carbónicos obtida do petróleo. O betume tem a capacidade de verter produtos, que são tóxicos para a biota, e podem interferir com os depósitos de calcite. Se o betume existir em grutas turísticas, deve ser planificada a sua remoção o mais rápido possível. O betume nunca deve ser utilizado numa gruta que se está a preparar para ser desenvolvida como gruta turística.

  1. MONITORIZAÇÃO

A monitorização básica do clima de uma gruta deve ser realizada regularmente e um cronograma formal de monitorização adotado. A temperatura do ar, humidade, radão (se a sua concentração for próxima ou superior ao nível prescrito por lei), e temperatura da água (se aplicável) podem ser monitorizados.

A monitorização de dióxido de carbono pode ser incluída se a sua concentração estiver substancialmente fora do intervalo de variação natural. O fluxo de ar a entrar e sair da gruta também podem ser monitorizados.

No processo de seleção de cientistas para fazerem os estudos na gruta, é muito importante que apenas os cientistas que tenham boa experiência em ambientes cavernícolas sejam utilizados para os matérias relacionadas com a gruta. Muitos cientistas, apesar de muito competentes, podem não estar totalmente familiarizados com o ambiente das grutas. Se conselhos incorretos forem dados à gestão das grutas, estes podem pôr em perigo o ambiente da gruta. A ciência cavernícola é um campo altamente especializado.

  1. GESTORES DE GRUTAS

Os gestores das grutas devem ser competentes tanto na gestão do negócio da gruta turística como na proteção do seu ambiente. Os gestores de grutas turísticas nunca devem esquecer que a gruta é a galinha que põe os “ovos de ouro” e que a mesma deve ser preservada com grande cuidado.

É necessário que as pessoas envolvidas na gestão de uma gruta turística tenham experiência tanto em gestão como no ambiente de uma gruta turística.

  1. GUIAS DAS GRUTAS

Os guias numa gruta turística têm um papel muito importante uma vez que são o elo de ligação entre a gruta e o visitante. É muito importante que os guias recebam formação adequada. Sempre que possível a gestão da gruta turística deve tentar providenciar um manual aos guias, especialmente concebido para a sua gruta ou grutas.

O guia deve ser versado em matérias pertinentes à gruta, ou grutas em que acompanham os visitantes.

  1. CONSCIÊNCIA PÚBLICA

O uso de sinalética à entrada da gruta bem como noutros pontos salientes na sua imediação, é uma excelente forma de ajudar os visitantes a saber como se devem comportar dentro da gruta. Quando mais do que uma língua é comum numa área, pode ser útil ter as mensagens expostas em mais do que uma língua.

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